O professor Eduardo Silva Mistura, alvo de investigações por suspeita de assédio sexual contra alunas do Colégio Brigadeiro Newton Braga, na Ilha do Governador, instituição subordinada à Força Aérea Brasileira (FAB), foi afastado de sua função em outra unidade de ensino.
Contratado pelo Colégio Atitude, em Rio Bonito, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, ele foi afastado nesta quarta-feira (11) até que as investigações terminem.
Em nota, a direção da escola comunicou sobre a decisão.
“O Colégio Atitude vem se manifestar, diante da demanda jornalística e os fatos reportados pelo portal g1, para informar que, defronte os fatos narrados que estão em apuração, o professor Eduardo Mistura será afastado de suas funções preventivamente, aguardando o resultado da investigação nas instâncias competentes”, dizia a nota do Colégio Atitude.
Denúncias em colégio da Aeronáutica
Na última terça-feira (10), o g1 divulgou que um grupo de ex-alunas do Colégio Brigadeiro Newton Braga, na Ilha do Governador, procurou apoio jurídico na Comissão de Direitos Humanos da OAB e apresentou uma série de denúncias contra Mistura e também contra o professor de educação física, Álvaro Luiz Pereira Barros.
As denúncias apontam para possíveis abusos que teriam acontecido entre os anos de 2014 e 2020, quando algumas estudantes ainda eram menores de idade.
No material entregue aos advogados da OAB estão prints de trocas de mensagens, áudios e relatos que indicam um comportamento abusivo constante dos dois professores.
Por conta desta primeira denúncia, mais quatro alunas da unidade escolar militar também procuraram a comissão, na última terça-feira, e fizeram novas acusações.
“Você é linda. Quero te pegar no colo. Você é toda especial”. “Gostaria de ter você nos meus braços”. “Deixa eu te ver e te pegar no colo”. Mensagens como essas foram atribuídas ao professor Eduardo Mistura.
Outro professor, Álvaro Luiz Pereira Barros, que lecionava educação física no mesmo colégio, também é alvo da denúncia. “Vou te amarrar e te chicotear”, teria dito o docente em mensagem a uma então aluna.
Segundo a coordenadora do Grupo de Trabalho da Criança, Adolescente e Juventude da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Patrícia Félix, as denúncias devem encorajando que outras meninas procurem as autoridades em casos de assédios. Ela acredita que a comissão também deve trabalhar na garantia de direitos de crianças e adolescentes.
“É importante que essas meninas encorajem outras crianças e adolescentes que passam por situações parecidas, em outros ambientes. Que elas saibam que terão apoio dos órgãos de proteção e de garantia de direitos”, completou a advogada.
Em relação ao colégio da Ilha do Governador, o objetivo do grupo de advogados da OAB é que os professores sejam investigados fora do ambiente militar, visto que até o momento o Inquérito Policial Militar que apura as denúncias não foi concluído, mesmo após quase dois anos de trabalho
“A questão agora é o acolhimento dessas jovens que passaram por um momento de dificuldade no passado, mas que hoje precisam de atenção e precisam que suas denúncias sejam ouvidas. Nós vamos tomar todas as medidas cabíveis dentro do processo legal para que as investigações continuem”, comentou Patrícia.
Segundo a direção do Colégio Brigadeiro Newton Braga, a Justiça Militar ordenou que as investigações só teriam sequência depois de uma avaliação interna da escola, através de Processos Administrativos Disciplinares (Pads). Essa investigação interna também não foi concluída até o momento e os dois professores seguem dando aula para menores de idade.