Uma idosa foi resgatada de um trabalho análogo à escravidão depois de 72 anos
A idosa escravizada por 72 anos por uma família da Zona Norte do Rio chegou a se aposentar, mas o cartão e a senha ficavam em poder dos patrões. A força-tarefa que a resgatou afirma ainda que a trabalhadora jamais recebeu salários ou benefícios, nem gozou férias.
A mulher, salva em março por auditores-fiscais da Superintendência do Trabalho no Rio de Janeiro, é o caso mais antigo de exploração no Brasil.
Segundo as investigações, o patrão é André Mattos Maia. O Ministério Público do Trabalho pode denunciar a família. A pena pode chegar a 8 anos de prisão.
O Ministério Público do Trabalho informou que “o procedimento está em tramitação e não falará sobre o caso para não prejudicar a investigação”.
‘É da família’
A idosa foi resgatada no dia 15 de março, após uma denúncia anônima, e desde então está aos cuidados da Prefeitura do Rio.
“Ela não tem a noção que ela foi escravizada. Ela não tem. Ela não tem noção alguma disso”, afirmou Cristiane Lessa, assistente social e diretora do centro de recepção de idosos onde a mulher está abrigada.
Ela não casou, não teve filhos e perdeu o contato com os familiares.
Quando a mulher foi resgatada, ela trabalhava como cuidadora da dona da casa e dormia em um sofá, na entrada do quarto principal. Uma denúncia levou o Ministério do Trabalho até a casa, na Zona Norte da capital fluminense.
“Essa senhora, que os empregadores alegam que é da família — e não é —, fica absolutamente submissa. O empregador que fala por ela. Qualquer resposta que a gente solicita dela, é o empregador que responde. Os documentos dela não estão de posse dela mesma. O empregador que tem esses documentos”, contou Alexandre Lyra, auditor fiscal do trabalho.