O ex-assessor parlamentar Vinícius Hayden Witeze, de 33 anos, foi sepultado nesta segunda-feira (30) no Cemitério Municipal de Mesquita, na Baixada Fluminense.
Vinícius, que trabalhou para o vereador Gabriel Monteiro, morreu no sábado (28), em um acidente de carro, na Região Serrana do Rio, que está sob investigação
O velório, que reuniu amigos e familiares, teve um momento conturbado com a chegada de Gustavo Lima, advogado de Gabriel Monteiro.
Houve um príncipio de tumulto e Gustavo foi hostilizado por alguns amigos de Vinícius. O advogado deixou o cemitério sob gritos.
Gustavo Lima, explicou que a situação foi promovida por amigos recentes de Vinícius, que não sabiam que eles se conheciam desde o ensino médio.
“Fui em nome próprio, me despedir de uma pessoa que é meu amigo há quase 20 anos. Infelizmente, pessoas que não o conhecem há mais que um ano não souberam respeitar a dor de todos ali presentes e fizeram escândalo. Tanto é que, os amigos mais antigos e a família que me conhece, não coadunaram com a conduta lamentável que foi adotada por essas três pessoas”, disse.
Gustavo contou que preferiu voltar da porta do cemitério para não incomodar a família, e falou sobre sua última conversa com Vinícius.
“No dia do depoimento dele, a gente se encontrou. Ele veio, apertou a minha mão. Brincou comigo e disse que não tinha como conversar com ele por causa do meu empregador. Mas quando tudo passasse, a gente iria conversar. O que me consola é que ele entendia isso, e o que me dói é que não tivemos tempo de ter essa conversa”, disse reiterando mais uma vez que foi se despedir de um amigo.
Pai fez homenagem
Mais cedo, o pai de Vinícius, Roberto Witeze, postou uma homenagem para o filho em suas redes sociais
“Tá doendo muito. Fique em paz, meu guerreiro! O céu é sua morada e já está nos braços do nosso Salvador. Obrigado por tudo, meu filho. Orgulho de ser seu pai aqui na Terra. Até um dia! Te amo! ”, escreveu ele na legenda de uma foto em que aparece abraçado com Vinícius.
Pedido de segurança
O ex-assessor parlamentar Vinícius Hayden Witeze, de 33 anos, pretendia protocolar um pedido de segurança à Câmara dos Vereadores do Rio nesta segunda-feira (30). Ele, que atuou no gabinete do vereador Gabriel Monteiro e fez uma série de denúncias contra o parlamentar, alegou que vinha sendo ameaçado de morte e precisava de proteção.
O pedido foi comunicado à presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, a vereadora Teresa Bergher, e veio dois dias após o depoimento de Vinícius ao Conselho de Ética da Câmara, em que confirmou as denúncias feitas e contou ainda que estava sendo ameaçado de morte.
“O procurador da Câmara, José Minc, me disse que seria necessário um ofício das testemunhas pedindo a segurança. Na sexta-feira (29), o Vinícius ligou para o meu gabinete, pedindo segurança. Foi orientado a fazer um ofício com este pedido. Ele ficou de entregar o documento na segunda-feira, mas, infelizmente, não teve tempo. É tudo muito triste, muito chocante e estranho. Vamos aguardar a perícia no carro”, disse Teresa Bergher.
O pedido também se estenderia a Heitor Neto, que também prestou depoimento no Conselho de Ética.
A morte
O ex-assessor Vinícius Hayden Witeze, que denunciou o vereador Gabriel Monteiro pela prática de assédio moral e sexual, morreu na noite de sábado (28), num acidente de trânsito em Teresópolis, na Região Serrana.
Segundo informações da polícia, o carro de Hayden capotou na RJ-130, que liga a cidade de Teresópolis a Nova Friburgo, e ele morreu na hora. A mulher que estava com ele – e que ainda não foi identificada – foi levada para o Hospital das Clínicas de Teresópolis.
De acordo com o registro feito na 110ª DP (Teresópolis), no interior do carro de Hayden foram encontradas cópias do termo de declaração de dele em ocorrência envolvendo o vereador do Gabriel Monteiro. Foi feita uma perícia no local do acidente.
A mulher que acompanhava o ex-assssor afirma que Vinicius perdeu a direção na curva ao frear, o que causou o capotamento do veículo. A polícia vai apurar se ele estava em alta velocidade. A passageira descartou em termo de declarações a alta velocidade do veículo – o que foi uma interpretação inicial de equipes que estiveram no local.
Ela disse, em depoimento, que o veículo apresentava problemas relativo a gasolina de baixa qualidade e vinha devagar. Também mencionou desconhecimento de rodovia, escuridão e sinalização precária.
A vítima sobrevivente já foi ouvida informalmente e recebeu alta. Ela ficou de formalizar as informações, ainda neste domingo, na 110ª DP (Teresópolis), segundo a polícia.
Vinícius foi multado ainda no sábado (28), pela manhã, por ter sido pego dirigindo com carteira vencida.
Por requisição do delegado titular da 110ª DP, foi designada pelo diretor do Departamento-Geral de Polícia Técnico-Científica uma equipe do Instituto de Criminalística Carlos Éboli para em conjunto com peritos do PRPTC de Teresópolis realizarem uma perícia que constate eventual adulteração na parte mecânica, elétrica ou do sistema de alimentação de combustível que pudesse contribuir para a ocorrência do acidente.
Depoimento de colete à prova de balas
Na quarta-feira (25), Hayden prestou depoimento contra o vereador no Conselho de Ética da Câmara do Rio. Ele chegou de colete à prova de balas e disse que estava andando com escolta e sofrendo ameaças, tinha perdido o direito de ir e vir e não conseguia mais nem visitar a filha.
Na ocasião, ele não quis dar entrevistas, mas gravou um vídeo dizendo que também está recebendo ameaças.
“Perdi a minha liberdade. Tenho que andar de carro blindado, colete à prova de balas. Tenho que cercear o meu direito de ir e vir, de sair a hora que eu quero porque o vereador gravou vídeos expondo o meu número pessoal, me colocando como se fosse uma pessoa que tivesse negociado com uma pseudo máfia do reboque, que ele vive falando que é tudo a máfia do reboque dele”, disse Hayden no vídeo.
“Então, é basicamente isso: ele conseguiu hoje me prejudicar de uma forma que eu não consigo nem visitar a minha filha”, completou.
Neste domingo, Gabriel Monteiro se pronunciou sobre a morte do ex-assessor. Ele lamentou o acidente e disse que “jamais torceria por esse fim”, mas lembrou acusações que fez sobre Vinicius.
O vereador responde a um processo disciplinar na Câmara, que pode levar à cassação de seu mandato.
As denúncias contra Gabriel envolvem acusações de estupro, assédio sexual e vídeos forjados para a internet.
Em seu depoimento à polícia, Vinícius Hayden disse que Gabriel não ligava para a política e que seu foco principal era a produção de vídeos para ganhar dinheiro na internet. O ex-assessor também contou que o vereador sabia que a menina que aparece em um vídeo fazendo sexo com ele era menor de idade.