A Polícia Civil acredita que um fragmento da bala que atingiu a cabeça de Alice Rocha ainda possa estar no corpo da menina de 4 anos. Com isso, os investigadores esperam que, mais à frente, seja possível fazer um confronto balístico e identificar de qual arma partiu o disparo.
Alice foi atingida na Taquara, Zona Oeste, durante um tiroteio entre agentes da Draco, a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais, e bandidos. Internada em estado grave, parentes disseram nesta quinta-feira (2) que a pressão craniana da criança foi estabilizada.
Uma informação no boletim de atendimento médico da menina é o que leva a polícia a crer que a bala ainda esteja no corpo de Alice. Ao detalhar a lesão por perfuração por arma de fogo.
Por conta disso, as armas dos policiais envolvidos no confronto foram apreendidas. São três fuzis calibre 556. Os agentes também conseguiram apreender uma pistola calibre 9 milímetros que teria sido abandonada pelos criminosos que estavam no carro de onde também foram feitos disparos.
Alice e mãe compravam pipoca
Alice e a mãe dela comprava uma pipoca quando um tiro atingiu a cabeça da criança. Isso aconteceu logo depois que a menina saía da escola, na Rua André Rocha, na Taquara.
Na madrugada desta quinta (2), o estado de saúde ela era grave. Alice primeiro foi atendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro e, depois, foi transferida e passou por cirurgia no Hospital Municipal Miguel Couto.
“Ela [a mãe] me disse que foi buscá-la na escola, parou para comprar uma pipoca e estava atravessando a rua para ir pra casa… Quando ela viu, a menina estava cheia de sangue. Ela começou a gritar pedindo ajuda, e a minha neta já estava desacordada”, narrou a avó, Elaine Soares.
Na porta do hospital, o pai de Alice mantinha a esperança.
“É como se fosse um pesadelo que está sendo difícil de acordar, mas, graças a Deus, ela está estável. Logo, logo ela vai tá em casa com a gente”, disse Lucas Rocha.
“Por toda a comunidade, é uma criança muito querida por todos”, lembrou.
A mãe de Alice, Andressa Silva Oliveira, de 22 anos, está grávida de três meses.
O que provocou o tiroteio
Segundo a Polícia Civil, o tiroteio ocorreu quando agentes da Draco foram verificar uma denúncia de extorsão.
Ao chegar ao local, ainda de acordo com a Civil, a equipe foi atacada por criminosos, e houve confronto. O tiroteio aconteceu na Rua André Rocha, perto do viaduto de acesso à Transolímpica.
Uma pessoa foi presa e uma pistola e um carro roubado foram apreendidos. O preso foi identificado como Marcos Aurélio Marques de Almeida, conhecido como Neguinho do Gás.
A Polícia Militar disse que não participou da ocorrência e foi chamada para a UPA depois que a menina deu entrada na unidade de saúde.
A Draco informou que recolheu imagens das câmeras de segurança do local para avaliação. O carro usado pelos investigadores também foi atingido pelos tiros e foi encaminhado para perícia.
Extorsão a comerciantes
Comerciantes afirmam que a milícia domina o local de forma violenta e cobra uma taxa para que eles possam trabalhar. Testemunhas disseram que os milicianos estavam fazendo essas cobranças no fim da tarde de quarta-feira, quando a polícia chegou.
Moradores contaram que era por volta das 17h quando milicianos estavam sendo perseguidos pela polícia na Rua André Rocha. O carro dos criminosos foi atingido por tiros, eles perderam a direção e bateram num poste. Foi a partir daí que começou a troca de tiros.
Os milicianos tentaram fugir e entraram em uma rua à direita. Alice e a mãe estavam na calçada.