A vida ainda está longe de voltar ao normal para a família Cabral. Nesta terça-feira (31), Jane Cabral, mostrou que o filho Bruno, de 16 anos, que foi supostamente envenenado pela madrastra Cíntia Mariano, está passando por uma bateria de exames para saber como ficou sua saúde após o episódio e pós-intubação.
“Perdão pela preocupação. O Bruno ainda se sente fraco, cansado, mas está bem. Ele está fazendo exames pós-intubação para saber se não ficou nenhuma sequela, para saber se o organismo está trabalhando direitinho. Ele fez exame de sangue, laboratoriais, depois vai fazer uma ultra e passar pelo cardiologista. É mais para despreocupar. Muito obrigada pelas orações, pela preocupação. Estamos bem e vivendo um dia de cada vez”, postou Jane em uma rede social após ter mostrado o filho tirando sangue.
Bruno sentiu-se mal no dia 15 de maio, após um almoço na casa do pai e da madrasta, que terminou com uma internação e um laudo que aponta suspeita de envenenamento e tentativa de homicídio. Em entrevista ao Fantástico, ele falou o que sentiu no dia.
“Quando ela ficou toda nervosa, desesperada, pegando meu prato, eu já sabia que tinha algo errado. Ela pegou meu prato, retirou as bolinhas que eu cheguei a separar e botou mais feijão”, lembra ele.
Ele refere-se ao comportamento de Cíntia Mariano, de 49 anos, sua madrasta e que serviu o tal almoço. Ela é suspeita de envenenar Bruno, e a irmã dele, Fernanda Cabral, que não resistiu e morreu no dia 27 de março.
Bruno comeu pouco, mas ainda assim passou mal e precisou ficar cinco dias hospitalizado. Ele apresentou os mesmos sintomas da irmã.
“Os sintomas eram iguais: a tonteira, ele molhado de suor e, logo depois, já não conseguia mais falar. Pediu água com a língua enrolando e dali foi que eu me alertei. Já estava entendendo o que tinha acontecido com a Fernanda”, relembra a mãe do jovem, Jane Cabral.
Mãe insistiu com médicos sobre envenenamento
Jane relembra que, no caso da filha, em duas semanas de internação sem que os médicos conseguissem fechar um diagnóstico, ela insistiu por mais de uma vez sobre a possibilidade de Fernanda ter sido envenenada.
“Ninguém conseguia descobrir nada. No segundo dia, ainda fiz uma suposta pergunta ‘Será que minha filha foi envenenada?’ Ainda cheguei a falar com o médico, perguntei se tinha feito o exame toxicológico e eles falaram ‘Ah, já passou três dias. Se tiver alguma coisa, então já tinha saído’, conta Jane Cabral.
‘Monstro’
O pai de Bruno e Fernanda também falou ao Fantástico sobre o episódio.
“Monstro. Monstro. Você não mata nem um animal com veneno. Quanto mais uma menina de 22 anos e um irmão de 16 anos, isso não existe. Infelizmente eu estava do lado de um monstro”, diz ele enfático na crença da culpa da agora ex-mulher.
“Minha vida daqui pra frente é o meu trabalho com os livros. Ela (Fernanda) me chamava de homem de ferro, porque eu sempre carreguei muito peso, livro é pesado, ela me chamava de homem de ferro no trabalho. E eu vou ser o homem de ferro. Cada feira que tiver, ela vai estar comigo. É a única coisa que eu posso fazer”, diz Adeílson.
Cíntia Mariano foi presa preventivamente pela Justiça e aguarda o final das investigações presa no Complexo de Bangu, no Rio.
Madrasta teria envenenado outro enteado
Cíntia Mariano, a madrasta suspeita de envenenar dois enteados no Rio, pode ter envenenado também um enteado – uma criança de 6 anos e que seria meia-irmã do seu filho.
A história foi revelada pelo filho de Cíntia, em depoimento na 33ª DP, em Realengo, que investiga o caso.
O filho contou que o caso aconteceu há 20 anos, e que Cíntia tentou matar outro enteado, um irmão dele por parte de pai, dando querosene ao menino, que tinha 6 anos na época.
Foi o filho de Cíntia também quem contou à polícia que a mãe confessou ter dado chumbinho a Fernanda Cabral, de 22 anos – que não resistiu e morreu -, e Bruno Cabral, de 16 anos, que passou mal, ficou internado e levantou suspeitas pelas semelhanças de mal-estar com os da irmã morta dois meses antes.
Mãe tentou acusar o próprio filho
O delegado Flávio Rodrigues, que atua no caso, contou ainda que, na delegacia, Cíntia Mariano tentou inverter a situação e acusar o próprio filho do envenenamento de Fernanda e Bruno.
“Informalmente, para a nossa equipe, ela quis atribuir o fato ao próprio filho. Dizendo que foi o próprio filho que teria envenenado os enteados. Ela quis se eximir da responsabilidade atribuíndo ao próprio filho”, disse o delegado.
A lista de crimes suspeitos atribuídos a Cíntia ainda inclui a morte de um ex-namorado. A filha dele, pediu ao Ministério Público que a morte do pai fosse investigada como suspeita.
Em depoimento, o filho de Cíntia, contou as circunstâncias em que ela confessou o crime. Após passar mal e ser levada a um hospital, ela pediu ajuda ao filho por estar sofrendo ameaças de populares e dentro do próprio hospital.
As ameaças teriam começado após o caso suspeito de envenenamento se tornar público.
“O declarante foi buscar sua mãe, Cíntia, no hospital, pois a mesma havia passado mal. Que na porta do hospital, havia populares esperando para agredir sua mãe, que Cíntia também recebeu ameaças de morte dentro do próprio hospital, tendo inclusive que mudar de ala”, diz um trecho do documento.
Já sobre os supostos crimes, o depoimento relata:
“O declarante teve uma conversa com a mãe, onde mesma confessou tudo que havia feito. Que Cíntia disse que colocou chumbinho no feijão do prato de Bruno e, por esse motivo, ele sentiu gosto ruim. Que o declarante perguntou se ela havia feito a mesma coisa com Fernanda, irmã de Bruno, e que Cíntia disse antes que fez isso tudo por amor a Adeílson, pai dos jovens. Que Cíntia não disse onde adquiriu o veneno, nem se teve ajuda de alguém, e que teme pela vida de sua mãe”, encerra o documento.
Cíntia Mariano foi presa, teve sua prisão temporária de 30 dias confirmada pela Justiça e espera as investigações sobre o caso se desenvolverem presa no Complexo de Bangu.