Depois de tomar o depoimento de Rogério Matos Lopes, conhecido como “Xerife”, de 50 anos, que confessou ter matado o empresário Renato Souza Maciel, de 46 anos, por conta de uma dívida aproximada de R$ 200 mil, e de ouvir quatro testemunhas oculares do homicídio, a delegada titular da 134ª DP/Centro, Natália Patrão concedeu entrevista coletiva à imprensa na tarde desta sexta-feira (22) e informou que não existem elementos que justifiquem o pedido de prisão preventiva do autor. Ele foi ouvido, liberado e, provavelmente, responderá pelo crime em liberdade. Rogério alegou legítima defesa, contando que atirou depois de notar um movimento de Renato, como se fosse pegar uma arma ao lado do banco do carro. Porém, policiais militares que chegaram ao local pouco tempo depois do assassinato não encontraram arma no interior do veículo.
Segundo a delegada, em depoimento, Rogério contou que estava passeando com o cachorro quando viu o carro de Renato e perguntou à mãe da filha dele se seria ele mesmo. Após a confirmação, o autor se aproximou do veículo e os dois discutiram por cerca de 20 ou 30 minutos, segundo testemunhas. Num dado momento, ainda de acordo com testemunhas, Rogério teria perguntado: “quer ver eu te dar um tiro na sua cara?”. E Renato teria respondido: “então dá!”. O empresário foi morto com um tiro no tórax.
Acompanhado do advogado, o autor contou em depoimento que a motivação do crime foi uma dívida relacionada a um veículo que ele vendeu para Renato, no valor aproximado de R$ 200 mil, e a vítima não pagou. Os dois estariam tentando negociar essa dívida há um ano. A família sabia da dívida. A delegada contou que, informalmente, uma das testemunhas disse que já presenciou o autor ameaçando a vítima em situação anterior por conta da dívida.
“Xerife”, que é dono de uma loja de armas, apresentou documentos que comprovam posse e porte da arma. Ele se colocou à disposição da Justiça e se comprometeu a, sempre que for intimado, se apresentará. A arma utilizada no crime foi entregue por ele à Polícia Civil e ficou apreendida.
A família da vítima alega que não havia arma no carro. Testemunhas dizem que não viram ninguém tirar arma do interior do veículo, mas várias pessoas entraram no carro. A família da vítima afirmou para a polícia que não retirou arma do carro. Já o autor do crime disse que havia sim uma arma e que por isso atirou, para proteger a própria vida.
A Polícia Civil não conseguiu imagens que pudessem ajudar na elucidação do crime. A única câmera que havia próximo do local, de uma residência, não gravou as imagens. E a câmera de uma escola que fica também fica perto, não estava gravando no dia do crime. E não há mais imagens a serem arrecadadas.
“Não temos dúvidas quanto à autoria. O autor se apresentou, confessou e entregou a arma do crime. Não precisamos mais provar que o fato ocorreu, nem quem praticou o fato. Agora serão trabalhadas as provas testemunhais. A análise do cenário que dará um resultado final ao fato”, explicou a delegada.
Ela ainda justificou o fato de pedir a prisão preventiva do autor do homicídio. “Não há requisitos para a prisão preventiva, uma vez que ele não está intimidando ou ameaçando testemunhas, destruindo provas, e não está foragido porque se entregou com advogado entregando a arma do crime, não coloca em risco a aplicação da Lei Penal, nem coloca em risco a ordem pública, porque ele não tem anotação criminal pretérita. Eu não irei apresentar pela (prisão) preventiva porque não tenho elementos para isso”. Ainda segundo Natália, o autor, provavelmente irá responder pelo crime em liberdade. “A não ser que o MP. após o recesso, enxergue elementos para requerer a prisão preventiva dele”.
Ela ainda pontou que existem algumas divergências, como fato de a filha do empresário, Maria Clara Maciel, ter contado que foi ameaçada por Rogério com uma arma, mas testemunhas contaram não ter havido isso.