O Fantástico conversou com a paciente mantida em cárcere privado, em estado grave, dentro de um hospital no Rio de Janeiro. Em março deste ano, Daiana Cavalcanti se internou no hospital particular Santa Branca, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Ela fez uma abdominoplastia – procedimento para retirar o excesso de pele e gordura do abdômen – e colocou próteses de silicone nos seios com um médico muito popular nas redes sociais: o cirurgião plástico equatoriano Bolívar Guerrero Silva.
Mas as complicações começaram poucos dias depois. Com fortes dores e alguns pontos infeccionados, no começo de junho Daiana voltou a ser internada.
“Meu peito está todo necrosado. Eu estou com um buraco na barriga. Dois! Um debaixo do umbigo”, dizia Daiana em um áudio.
O estado de saúde dela piorou e os parentes decidiram procurar a polícia. A família disse que o médico dificultou a transferência dela para outro hospital.
“Não podia andar no corredor, não podia fazer nada. Só ficar trancada no quarto que eu estava”, conta a vítima.
Na segunda-feira (18), Bolívar foi preso dentro do centro cirúrgico do hospital, acusado de manter Daiana em cárcere privado.
“Eu tô precisando sair daqui o mais rápido. Tô ficando acabada. Eles tão me dopando. Eu quero ir embora daqui. Eu só quero ir embora daqui. Eu quero que eles façam a minha transferência pra outro hospital”, dizia Daiana em um vídeo.
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Depois que o caso da Daiana veio à tona, mais de 20 pessoas já procuraram a delegacia para denunciar o médico Bolívar Guerrero. O cirurgião está preso desde segunda-feira (18). Ele teve a prisão temporária prorrogada e responde por cárcere privado, organização criminosa e lesão corporal. O caso agora corre em segredo de Justiça.
A cabelereira Lídia Pereira foi uma das que denunciaram Bolívar Guerrero. Ela conta que descobriu o médico pelas redes sociais. E que as cirurgias plásticas eram uma tentativa de melhorar a autoestima.
“Uns 3 anos, tomando coragem, pesquisando com outros médicos, aí eu fui lá eu fiz o X-Tudão’, conta.
X-Tudão é o pacote de procedimentos de Bolívar. Ele tinha um time de divulgadores em grupos de Whatsapp e redes sociais. O pacote de cirurgias podia ser pago em um carnê. Os valores abaixo do preço de mercado eram divididos em até dez vezes.