Após fazer parte do golpe frustrado que tentou cassar 13 oposicionistas, o vereador campista Leon Gomes, presidente do PDT em Campos, segue em sua luta contra a democracia. Revoltado por ser criticado pela mídia, ele entrou com seguidas ações judiciais para calar o jornalista Fabrício Nascimento, do Click Campos. Para piorar, na última semana representantes do vereador foram até uma entidade de classe e pediram a cassação do registro do jornalista, o que não aconteceu.
Conhecido na Câmara como “vereador do banheiro”, após ter um episódio de recebimento de dinheiro exposto pelo vereador Maicon Cruz, Leon não admite ser criticado e tem feito críticas e movido ações contra quem ousa falar algo contra ele.
“Tudo começou quando noticiei que o edital de uma prova da FMIJ foi vazado por pessoas próximas ao vereador, que usariam a prova com objetivo político. Após isso a prova foi suspensa e o contrato vigente da FMIJ foi mantido por mais 6 meses. Desde então, são seguidas ações e notificações judiciais que visam me impedir de cobrir ações do poder público. O parlamentar inclusive, já foi para a tribuna proferir ofensas pessoais e ameaças contra mim, reproduzindo o conteúdo na rede social dele. E como se não bastasse, na última semana o seu advogado foi até uma entidade de classe e me denunciou por supostamente atacar o vereador, onde pede que meu registro de jornalista seja revogado, me impedindo de atuar na profissão. Vejo isso como uma tentativa de me calar, e se conseguirem, vão fazer o mesmo com toda a imprensa de Campos, utilizando o assédio judicial para intimidar qualquer jornalista que questionar atos de agentes políticos”, disse Fabrício.
Para o jornalista e escritor Thiago Freitas, com atuação em “O Globo” e “Extra”, as seguidas ações movidas contra Fábricio, em conjunto com ataques pessoais, demonstram a intenção do parlamentar em intimidar o profissional. “O vereador tem todo direito em não gostar de ser críticado, mas não pode impedir que jornalistas façam isso. É mais agravante quando se faça ameaças intimidatórias contra o profissional da imprensa, em busca de uma carta branca para fazer o que bem entender e isso não será divulgado. Precisamos dar um basta nestas práticas para que não se tornem rotina”, disse Thiago, autor do livro “Opinião e Crime”, que detalha a prisão do jornalista Avelino Ferreira por textos que criticavam um magistrado.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) considera que nos últimos anos “houve uma verdadeira explosão da violência contra jornalistas e contra a imprensa de um modo geral”. No Relatório – Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, a entidade contabilizou 428 episódios, um crescimento de 105,77% em relação aos anos anteriores. Atualmente existe na Câmara Federal o PL 2982/2020 que tipifica a atitude do vereador como crime, e em caso de aprovação, a pena seria de 2 a 4 anos de reclusão e multa.