A médica que prestou o primeiro atendimento a Fernanda Carvalho Cabral disse, nesta sexta-feira (27), em depoimento na 33ª DP (Realengo), que não suspeitou que a jovem pudesse ter sido envenenada.
Segundo o delegado Flávio Rodrigues, que investiga o caso, ela disse à polícia que achou que os sintomas que a jovem apresentou pudessem estar relacionados a outras doenças.
Outros médicos também serão ouvidos durante a tarde.
Exumação e coleta de material genético
O corpo de Fernanda foi exumado na quinta-feira (26).
Os investigadores aguardam a análise do Instituto Médico Legal (IML) para saber se há resquícios de chumbinho no material genético. O resultado deve sair em 20 dias.
A polícia quer saber por que o corpo de Fernanda foi liberado direto para o velório e para o enterro e não foi encaminhado para o IML para ser submetido a perícia. Antes de ser internada, a jovem apresentou sintomas de envenenamento, como tonturas e enjôos.
Fernanda ficou internada 13 dias, antes de morrer, no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste. Durante todo o período de internação, ela foi atendida por 11 médicos. A jovem de 22 anos morreu em março.
“A gente espera com o exame no cadáver da vítima encontrar elementos que comprovem a presença de substância química que foi utilizada para o suposto envenenamento”, disse o delegado Flávio Rodrigues, da 33ª DP (Realengo), que acompanhou a exumação do corpo no Jardim da Saudade de Sulacap.
Na quinta-feira (26), o médico que atestou o óbito da jovem prestou depoimento.
O advogado da família de Fernanda, Raphael Fortes, disse que está aguardando também os novos depoimentos.
“A família está aguardando a conclusão do inquérito. O laudo agora está sendo feito pelo IML juntamente com a perita criminal e a gente está aguardando para verificar uma possível negligência. A gente está aguardando para verificar os depoimentos futuros. A família está em condolência. Estamos aguardando também a recuperação deles, que estão totalmente abalados por causa da filha Fernanda e também por causa do Bruno”, disse Fortes.
A principal suspeita do caso, a madrasta Cíntia Mariano, está presa num presídio em Benfica, na Zona Norte. Ela vai responder por homicídio qualificado e tentativa de homicídio, já que a polícia suspeita que ela tenha envenenado Bruno Cabral, de 16 anos, o irmão de Fernanda.
Bruno teve os mesmos sintomas da irmã. Ele chegou a ficar internado durante quatro dias.
O prontuário médico aponta como causas da internação uma intoxicação exógena. Nesse mesmo prontuário, a mãe de Bruno cita que os sintomas apareceram depois de um almoço na casa da madrasta. Ele percebeu um gosto amargo na comida e viu fragmentos de cor azul no feijão. O jovem teve alta no dia 19 de maio.
A polícia suspeita que Cíntia Mariana tenha cometido os crimes por ciúmes do atual companheiro dela com os filhos, frutos de outro casamento. Ela disse que os fragmentos azuis no feijão eram tempero em caldo.
“A princípio, os sintomas apresentados pela Fernanda e pelo Bruno são típicos de chumbinho: tonteira, taquicardia, sintomas típicos de envenenamento por chumbinho”, disse o delegado Rodrigues.
Em depoimento, o filho de Cíntia disse que a mãe confessou os crimes. Segundo ele, Cíntia “disse que colocou o prato de comida de Bruno e em seguida colocou chumbinho no feijão dele. E que quando Bruno reclamou do gosto ruim, ela colocou mais feijão para disfarçar o gosto e o chumbinho”.
A polícia também suspeita que Cíntia Mariano tenha cometido crime semelhante com o ex-marido e um vizinho dele, há cerca de quatro anos. O motivo seria uma briga envolvendo um terreno.