Amigos de Alice Fernandes da Silva, de 51 anos, uma das mulheres mortas num apartamento de luxo no Flamengo, a definem como uma pessoa protetora e que valorizava a família. Eles acreditam que ela acabou morta ao tentar defender a patroa, Martha Maria Lopes Pontes, de 77 anos, para quem trabalhava havia cerca de 20 anos.
“Com certeza ela foi defender a pessoa. Vai ver que reconheceram ela e fizeram isso com ela e a patroa dela”, afirmou a empresária Cássia Prudêncio, amiga da família.
Cássia ainda definiu Alice como uma pessoa que ajudava a todos e que não tinha medo de lutar por uma vida melhor.
“Todo mundo amava a Alice. As pessoas estão comovidas com tudo o que está acontecendo. Quando ela veio da Paraíba para o Rio de Janeiro, ela só comia pão com guaraná natural até conseguir comprar um apartamento. Ela morava em São Cristóvão e fazia questão de ter a família reunida”, destacou.
Serviços no apartamento
Alice trabalhava na casa de Martha três vezes na semana. De acordo com o marido, Hilário Rodrigues Leite, ela costumava receber os profissionais que faziam serviços no apartamento com café e lanche.
“As pessoas fizeram um serviço no apartamento dela, e a minha esposa, a Alice, costuma sair tarde. Mas quando o pessoal ia lá, ela saía mais cedo. Abria a porta para esse pessoal e ia embora”, disse.
O marido também destacou que o único corpo carbonizado era o da dona do imóvel. Alice, segundo ele, foi encontrada com um corte no pescoço. Além dos três filhos, ela deixou seis netos.
“A gente está sofrendo. E os netinhos estão perguntando: ‘Cadê a minha avó?’ O que a gente vai falar agora?”, disse Diogo Fernandes, filho de Alice.
Imagens mostram homens no local
O filho da diarista afirmou que pintores que fizeram um serviço na residência tentaram extorquir de Martha.
“Teve ameaça dos pintores contra a Dona Martha”, disse Diogo.
Ainda de acordo com ele, as duas tinham cortes no pescoço.
Câmeras de segurança do prédio flagraram dois homens entrando no edifício por volta das 13h de quinta-feira (9). O Corpo de Bombeiros informou que o primeiro chamado ocorreu às 16h55 e que a equipe encontrou os corpos de Alice e de Martha carbonizados.
A Delegacia de Homicídios abriu uma investigação para saber se foi um incêndio criminoso.
O filho da diarista contou que os pintores trabalharam na casa de Martha há três semanas e que tudo já tinha sido pago.
Há 15 dias, eles voltaram ao prédio, desta vez para um serviço no 15º andar, “e foram tentar subornar [sic] a Dona Martha”.
Um deles, segundo Diogo, “começou a falar que o pai estava passando mal e perguntou se [Martha] poderia ajudar com alguma quantia”.
“Teve outro episódio em que a Dona Martha estava sozinha. Ele foi lá de novo, colocou o pé na porta e a ameaçou, querendo dinheiro. Mas ela não deu”, narrou Diogo.
“Ontem [quinta-feira], minha mãe [Alice] estava trabalhando. O pintor conhecido como Carlos chegou com outro rapaz que nunca tinha ido lá e falou que iria falar com a Dona Martha.”
“Aí aconteceu essa tragédia. Eles roubaram os celulares das duas e provavelmente mais coisas”, disse.