Em várias partes do mundo as decisões mais acertadas no combate ao vírus da COVID-19 ocorreram quando a ciência e o bom senso caminharam lado a lado. Mas em Campos o que se vê é um misto do incoerência, covardia e demagogia.
Primeiro o prefeito determinou um fechamento severo, mas a pressão da religião o fez ceder e permitir igrejas. Depois, ouviu a ciência e, no momento de colapso, fechou tudo de novo. Mas os gritos e protestos fizeram com que ele prometesse rever alguns pontos.
Inclusive, em artigo publicado esta semana, o promotor Marcelo Lessa, que atua no gabinete de crise desde o início da pandemia, fez críticas exatamente a essa falta de critério. “Quando o gestor público se dispõe a compartilhar decisões que, pela legitimidade de sua investidura, seriam suas por direito, dá um importante e elogiável passo no sentido de construir uma decisão racional. Merecia uma situação ideal de fala. E não ter que, depois dessa nobre iniciativa, ficar administrando conflitos de umbigos”, destacou o promotor.
Em resumo, o importante gabinete de crise tem servido apenas para fingir que a decisão é coletiva. No final, o que há é a busca por uma narrativa para fazer valer a vontade de quem é considerado politicamente mais importante para o prefeito. Um grande perigo, já que esse vírus é muito mais agressivo quando se depara com a incompetência e covardia de gestores públicos.