O delegado Flávio Rodrigues da 33ª DP (Realengo) disse nesta quinta-feira (2) que vai pedir a prisão preventiva de Cíntia Mariano Dias Cabral, de 49 anos, por suspeita de envenenamento do seu enteado, Bruno Cabral, de 16 anos.
Cíntia também é suspeita de envenenar a irmã de Bruno, Fernanda Cabral, de 22 anos, que morreu no dia 28 de março. Se o pedido da Polícia Civil for confirmado pela Justiça, a prisão temporaria que ela cumpre atualmente será convertida em preventiva. Ou seja, Cíntia permanecerá presa até o fim do julgamento e não mais com prazo pré-determinado.
Segundo o delegado, o pedido de prisão preventiva terá como base o laudo do Instituto Médico Legal (IML) que apontou a presença de quatro “grânulos esféricos”, com uma cor que pode variar entre “azul escuro e preto”, no corpo do estudante Bruno. A descoberta, segundo a Polícia Civil, pode indicar que ele foi contaminado com “chumbinho”.
“O laudo afirma a presença de grânulos compatíveis, sugestivos, com a presença de carbamato no sangue. Carbamato é conhecido popularmente como chumbinho. Esse laudo é uma peça chave, que aliada a outros elementos, forma um conjunto probatório muito forte, apontoando a autoria por parte de Cintia. Nós vamos concluir essa investigação por tentativa de envenenamento contra a vítima Bruno e vamos finalizar representando pela prisão preventiva de Cintia”, explicou o delegado.
Laudo aponta ‘indícios de envenenamento’
Apesar do exame feito pelo IML indicar que Bruno foi contaminado com “chumbinho”, o laudo não detectou a presença do veneno em si. Os grânulos, utilizados para conter a substância, foram encontrados depois da análise do material gástrico retirado do jovem, que teria sido envenenado pela madrasta, Cíntia Mariano.
Segundo a assessora técnica da Secretaria de Polícia Civil, a perita Denise Rivera, não foi encontrada a substância no material gástrico analisado, já que a substância se degrada rapidamente dentro dos grânulos, que servem de suporte para colocar o veneno.
“Os sintomas apresentados pela vítima, somados à presença dos grânulos, são indícios de envenenamento por chumbinho”, afirmou ela.
Relembre o caso
Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, morreu em março, depois de ficar 13 dias internada.
Bruno, seu irmão de 16 anos, conseguiu escapar e contou ter começado a passar mal depois de um almoço na casa da madrasta, em maio, em que um feijão amargo e com pedrinhas azuis foi servido para ele.
Segundo a polícia, a motivação do crime seria ciúmes. O filho biológico de Cíntia teria relatado à polícia que a mãe havia confidenciado a ele ter misturado chumbinho à comida servida aos dois jovens em ocasiões diferentes, mas a defesa nega essa versão.
Cíntia chegou a ser hospitalizada após ter supostamente tentado se matar. O advogado não confirmou a informação e disse apenas que ela faz uso de remédios controlados por “problemas psicológicos”.
“Ela já toma alguns remédios controlados e, por conta das acusações, está abalada. Tomou uso excessivo desses remédios na semana passada, não aguentando a pressão dessas acusações.”
Carlos Augusto falou ainda que a prisão de Cíntia é “totalmente prematura e precipitada” já que, segundo ele, a perícia feita no feijão apreendido na casa da madrasta “deu negativa para substância tóxica”.
A defesa também nega que tenha sido encontrado chumbinho na residência.
“Ela tem quatro cachorros. O que a polícia encontrou foi Butox, um remédio para carrapato de cachorro”.
A empresária Jane Carvalho Cabral, mãe dos dois jovens, prestou queixa na 33ª DP (Realengo) após ouvir o relato do filho indicando que a madrasta havia acrescentado alguma substância tóxica à refeição que lhe foi servida.
“Uma mulher dessas não pode ser chamada de ser humano. Isso é um monstro”.